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Matéria publicada no Diário do Grande ABC

 

Ex-governador paulista, Márcio França (PSB) sustentou que o Estado, sob comando de João Doria (PSDB), virou a vergonha do País durante a pandemia do coronavírus, “com milhares de mortes e toda população quebrada”. Em entrevista ao Diário, o socialista criticou as medidas adotadas no período. “Tudo o que fizemos foi errado (…) São Paulo deveria ter controlado em janeiro a entrada em Guarulhos.” Sobre o processo eleitoral no pleito municipal da Capital, França falou em revanche contra a chapa tucana, de Bruno Covas, tendo Doria na retaguarda. “Se nós ganharmos, Doria não terá sequer coragem de disputar a Presidência”, avaliou o político, que ainda colocou em xeque as promessas relacionadas ao Metrô no Grande ABC.

A pandemia do coronavírus ainda assola São Paulo e o País, mesmo depois de quatro meses de quarentena. O que o sr. teria feito diferente na condução das ações para minimizar o impacto da crise? Qual teria sido sua postura como gestor desta instabilidade histórica no Brasil, incluindo as decisões adotadas na Capital e no Estado?

Tudo o que fizeram foi errado. São Paulo virou a vergonha do País (na crise), com milhares de mortos e toda população quebrada. Em Medellin, na Colômbia, com 2,5 milhões de habitantes, morreram quatro pessoas (25 em números atualizados). O Estado de São Paulo deveria ter controlado em janeiro a entrada em Guarulhos, medindo a temperatura e isolando as pessoas, se necessário. Fizemos o contrário. Mesmo sabendo que em dezembro já havia pandemia na China, fizemos o Carnaval da pandemia. Apostamos na tempestade, colhemos o desastre. Para piorar, temos visto as indecisões: (esquema de) rodízio ridículo, falta de prevenção no transporte público, vacinas de Papai Noel. Enfim, somos campeões mundiais do fracasso.

O sr. acredita que é possível sairmos a curto prazo desta crise sanitária, mesmo tendo em vista posturas como a do desembargador Eduardo Siqueira, que se negou a usar máscara e ainda rasgou a multa? Qual a sua avaliação do País pós-pandemia?

É possível. Uma das tarefas das eleições é devolver a esperança. A deste ano pode cumprir este papel. Menos papo de esquerda e direita e mais papo reto. Se acertarmos nas urnas temos chances, senão vamos ficar com a poeira. A atitude do desembargador (em Santos) foi como a do (governador João) Doria (PSDB): eu mando, eu posso, eu decido. O mundo atual já não suporta essa arrogância.

Como a candidatura própria do PSB na Capital pode alterar a configuração das campanhas na Região Metropolitana de São Paulo, principalmente no Grande ABC? Como será sua movimentação na Capital para que haja sinergia política entre as forças do partido?

O número 40 (do PSB) foi vitorioso na Capital e no Grande ABC, contra o 45 na última eleição (em 2018). Vamos ter uma revanche com o ‘BrunoDoria’ (em alusão ao prefeito Bruno Covas e a Doria), como foi BolsoDoria (o presidente Jair Bolsonaro e Doria). Quem achar que o Doria deve ser o presidente da República em 2022, deve votar 45. Quem achar que não, sabe que aqui tem palavra e que, se nós ganharmos, Doria não terá sequer coragem de disputar a Presidência. Eles torcem para o PT (com Jilmar Tatto) ir para o segundo turno, porque é mais fácil para eles derrotarem. Conosco, é debate na jugular, como foi na passada.

Qual a projeção do PSB para as eleições municipais no Estado de São Paulo? A estimativa estudada é assumir o comando de quantas prefeituras? Como a região entra neste quadro e qual perspectiva sobre as candidaturas majoritárias nas sete cidades?

Ganhamos em muitas cidades na última eleição municipal, como Guarulhos, Campinas, Mauá, Guarujá, entre outras. Mas nada é igual a Capital. Se ganharmos, tiramos o Doria do jogo de 2022. Isso será bom para ambas as partes e para o Brasil. Obrigará ele a, finalmente, cumprir sua palavra e ficar os quatro anos como governador.

Como será enfrentar Bruno Covas, a quem o sr. já disse, anteriormente, estimar como figura pública, até por conta da relação familiar? Como considera a disputa eleitoral com o PSDB pela Capital?

Pessoalmente, não tenho problemas com o Bruno. Tive ótima relação com seu avô (Mário Covas, morto em 2001). Mas, sinceramente, o Bruno hoje é refém de uma engrenagem que envolve a Câmara de São Paulo e o governador. Ele, apesar de ser o prefeito, não tem protagonismo nas decisões e está vivendo um momento pessoal complicado. Basta ver as entrevistas coletivas sobre a Covid. Ele parece um funcionário do Doria. A cidade de São Paulo não pode ficar refém dessa dobradinha que eu costumo chamar de hashtag BrunoDoria.

Quais têm sido suas medidas pessoais, durante a quarentena, para iniciar essa pré-campanha em período de pandemia? Acredita que será viável fazer campanha de rua mesmo diante do adiamento da data da eleição para o mês de novembro?

Será uma eleição totalmente diferente. Quem está no poder está tentando tirar proveito disso, com doações que não eram permitidas em período eleitoral e que agora estão acontecendo sem nenhum tipo de fiscalização. Tenho investido em lives (transmissões ao vivo) e em redes sociais, é o que se tornou possível neste momento. Acredito que a televisão (com a propaganda eleitoral gratuita) terá um papel super importante também (neste aspecto).

O sr. teve a carreira política construída na Baixada Santista, mais especificamente em São Vicente, passando pelos cargos de vereador e prefeito em duas oportunidades. Por qual razão resolveu mudar domicílio eleitoral? Como acredita que pode contribuir na disputa paulistana?

Na verdade essa mudança não é de agora, para esta eleição. Já vivo em São Paulo há alguns anos, desde que virei secretário de Estado. Na última eleição municipal, em 2016, meu domicílio eleitoral já era por aqui. E nem imaginava disputar a prefeitura. Mas encarei esta eleição como um chamamento. Estamos vivendo um momento atípico. Tenho experiência o suficiente para saber enfrentar os problemas e capacidade de interlocução para amenizar o clima político, que hoje é beligerante no País. O prefeito de uma cidade como São Paulo tem condições de fazer isso. É um dever nacional. São Paulo deve conduzir o Brasil.

 

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